5 de junho de 2012

Comentário de Cavalinhos de Platiplanto.

Na narrativa “Os cavalinhos de Platiplanto”, o espaço do sonho se torna o local onde as frustrações podem ser atenuadas e os desejos realizados já que em suas próprias vidas isso não é possível. No conto, o sonho do narrador realiza o desejo que ele tinha de receber o cavalinho prometido por seu avô aparece de modo realizado. No sonho, o narrador toma conhecimento de tal concretização. Vale salientar que é a tensão com a família que aproxima o menino do avô, e este estando do lado da fantasia, remete para o sonho. Todavia, o pensamento mágico é o da infância, e em Veiga, só a criança habita esse espaço mágico – espaço do sonho. Criança transita livremente do real para a fantasia e vice-versa. Já o adulto é preso ao real, não consegue sequer compreender o que está fora do saber real.

O sonho do garoto se inicia com a ida dele a uma fazenda nova e desconhecida. O espaço se apresenta como um lugar novo, reelaborado, idealizado pelo inconsciente, totalmente diferente dos locais que o sonhador está acostumado a freqüentar. Aliás, como é comum nos sonhos. Por isso, a chegada a esse local é feita por uma ponte que não era de atravessar, mas de subir. Ele recebe a tarefa de terminar a ponte e a cumpre. Pronta a ponte, o menino desce pelo outro lado, onde encontra um menino com “medo de tocar bandolim”, e ele leva o pequeno músico a perder o medo.

É o menino do bandolim que, tocando uma toada, transporta o menino-narrador para o espaço do sonho, a fazenda, o major e o extraordinário espetáculo dos cavalinhos maravilhosos.

Findo o sonho, o menino volta ao real, e reconhece os objetos do seu quarto. Relembra o que sonhou e resolve não falar para ninguém o que vira. Sabe que poderá voltar a ver o cavalinhos pela lembrança.

Note-se que o conto se inicia com a seguinte frase: “o meu primeiro contato com essas simpáticas criaturinhas deu-se quando eu era muito criança”. No entanto, já adulto, ao assumir a narração do seu sonho, sua condição de narrador permite-lhe a lembrança, a permanência no sonho que povoara a sua infância.


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