A obra de José J. José J. Veiga fez sua estréia em 1959, doze anos depois do precursor do fantástico no Brasil, Murilo Rubião. Sua obra Veiga é normalmente associada à literatura fantástica ou ao chamado realismo maravilhoso latino-americano do século XX.
A narrativa do conto, que leva o mesmo título do livro, tem como centro gravitacional da ação um fato insólito: o súbito aparecimento de uma enorme máquina em um povoado, trazida em caminhões por desconhecidos mal humorados, silenciosos, agressivos e pouco interessados em dar informações sobre a procedência da máquina.
O artefato foi armado na frente da prefeitura, sem que ninguém soubesse quem o enviou ou quem o solicitou, para que ela serve e como funciona. As autoridades locais não a solicitaram e, como o restante da população, desconhecem quem é o responsável pelo estranho objeto, enigmático, imóvel e sem utilidade que não seja a de servir de decoração.
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O fato é que a presença da misteriosa engrenagem rompeu a aparente normalidade do cotidiano daquela gente, até então desprovido de significação. Com o passar dos dias, o temor e a desconfiança iniciais arrefeceram, dando lugar ao interesse pela máquina e à curiosidade em descobrir os mecanismos do seu funcionamento. Todos se rendem ao fascínio e ao mistério da máquina que, mesmo sem funcionar, mesmo reduzida a mero adorno, os mantém encantados com sua imponente presença.
O fato é que ninguém escapa à sedução daquela estranha máquina que passa a ser vista como uma espécie de símbolo da cidade, algo que a diferencia perante as cidades vizinhas, que não possuem uma máquina semelhante.
O Narrador teme que façam a máquina funcionar, quebrando assim o seu encanto e provocando o desmoronamento do sonho coletivo das pessoas.
Dentre todos os habitantes do vilarejo, as que mais estão mais próximas da máquina são as crianças. Estas fazem das suas engrenagens uma espécie de parquinho de diversões singularíssimo, no qual dão rédeas soltas aos folguedos inocentes e prazerosos. Ao fim e ao cabo, somente elas logo descobriram uma utilidade para a máquina.
A Máquina representa o novo, o desconhecido, a presença do mistério na vida insípida e rotineira dos habitantes da comunidade. Daí a seu endeusamento e o tratamento especial que recebe. Portanto, é por ser um enigma que ela fascina e como tal deve permanecer. Assim, qualquer tentativa em fazê-la funcionar, ou de revelar a sua procedência destruiria o seu mistério e, consequentemente, o seu poder de sedução. Isenta de utilidade para a população, a máquina adquire um significado simbólico, quiçá em relação à tecnologia desenvolvida em outras partes do país.
A presença da máquina torna-se natural, de modo que a descoberta de sua funcionalidade, como aponta o narrador, viria a destituí-la da aura simbólica que a população do lugar a revestira:
“Ainda não sabemos para que ela serve, mas isso já não tem maior importância [...] o meu receio é que, quando menos esperarmos, desembarque aqui um moço de fora, desses despachados, que entendem de tudo, olhe a máquina por fora, por dentro, pense um pouco e comece a explicar a finalidade dela [...] se isso acontecer, estará quebrado o encanto e não existirá mais a máquina”.
O absurdo aqui radica na forma como é encarada a realidade. Pois, se o insólito seria o aparecimento da máquina na cidade, com o tempo, o insólito passa a ser viver na cidade sem a presença da máquina.
Como o uso do gênero Fantástico é sempre uma estratégia da crítica, podemos afirmar que A Máquina Extraviada,levanta um questionamento acerca da inversão de valores veiculada pela narrativa, na medida em que, nela, está clara a valorização exagerada da tecnologia em detrimento do humano.
O artefato foi armado na frente da prefeitura, sem que ninguém soubesse quem o enviou ou quem o solicitou, para que ela serve e como funciona. As autoridades locais não a solicitaram e, como o restante da população, desconhecem quem é o responsável pelo estranho objeto, enigmático, imóvel e sem utilidade que não seja a de servir de decoração.
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O fato é que a presença da misteriosa engrenagem rompeu a aparente normalidade do cotidiano daquela gente, até então desprovido de significação. Com o passar dos dias, o temor e a desconfiança iniciais arrefeceram, dando lugar ao interesse pela máquina e à curiosidade em descobrir os mecanismos do seu funcionamento. Todos se rendem ao fascínio e ao mistério da máquina que, mesmo sem funcionar, mesmo reduzida a mero adorno, os mantém encantados com sua imponente presença.
O fato é que ninguém escapa à sedução daquela estranha máquina que passa a ser vista como uma espécie de símbolo da cidade, algo que a diferencia perante as cidades vizinhas, que não possuem uma máquina semelhante.
O Narrador teme que façam a máquina funcionar, quebrando assim o seu encanto e provocando o desmoronamento do sonho coletivo das pessoas.
Dentre todos os habitantes do vilarejo, as que mais estão mais próximas da máquina são as crianças. Estas fazem das suas engrenagens uma espécie de parquinho de diversões singularíssimo, no qual dão rédeas soltas aos folguedos inocentes e prazerosos. Ao fim e ao cabo, somente elas logo descobriram uma utilidade para a máquina.
A Máquina representa o novo, o desconhecido, a presença do mistério na vida insípida e rotineira dos habitantes da comunidade. Daí a seu endeusamento e o tratamento especial que recebe. Portanto, é por ser um enigma que ela fascina e como tal deve permanecer. Assim, qualquer tentativa em fazê-la funcionar, ou de revelar a sua procedência destruiria o seu mistério e, consequentemente, o seu poder de sedução. Isenta de utilidade para a população, a máquina adquire um significado simbólico, quiçá em relação à tecnologia desenvolvida em outras partes do país.
A presença da máquina torna-se natural, de modo que a descoberta de sua funcionalidade, como aponta o narrador, viria a destituí-la da aura simbólica que a população do lugar a revestira:
“Ainda não sabemos para que ela serve, mas isso já não tem maior importância [...] o meu receio é que, quando menos esperarmos, desembarque aqui um moço de fora, desses despachados, que entendem de tudo, olhe a máquina por fora, por dentro, pense um pouco e comece a explicar a finalidade dela [...] se isso acontecer, estará quebrado o encanto e não existirá mais a máquina”.
O absurdo aqui radica na forma como é encarada a realidade. Pois, se o insólito seria o aparecimento da máquina na cidade, com o tempo, o insólito passa a ser viver na cidade sem a presença da máquina.
Como o uso do gênero Fantástico é sempre uma estratégia da crítica, podemos afirmar que A Máquina Extraviada,levanta um questionamento acerca da inversão de valores veiculada pela narrativa, na medida em que, nela, está clara a valorização exagerada da tecnologia em detrimento do humano.
Adorei o blog, muito bem estruturado
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